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   QUEM SOMOS NÓS   

Somos uma coletiva Feminista Radical atuante na cidade de Niterói - RJ

CARTA DE PRINCÍPIOS:

Princípios teóricos:

1) O patriarcado é um sistema no qual os corpos portadores de útero são treinados para se tornar o que chamamos de MULHER. Essa é uma categoria econômica baseada no trabalho não pago atribuído a nossa natureza. Esse trabalho consiste em:

a) Reprodução da espécie. (gestação e parto)
b) Manutenção da espécie. (cuidado com crianças, idosos e homens de todas as idades).
c) Heterossexualidade compulsória. (a ideia de que toda mulher DEVE estar à disposição do olhar, toque e sexualidade masculinos).
d) Afeto irrestrito para com homens. (amar, respeitar, reproduzir suas ideologias, artes, etc).

2) HOMENS SABEM O QUE ESTÃO FAZENDO. A masculinidade não é a expressão de uma identidade desvinculada do exercício de poder mas, pelo contrário, é a construção de uma unidade baseada na exploração dos corpos das mulheres. Jogos de futebol, bordéis, bares, clubes, tabacarias, barbearias, ou "terceiros espaços", são lugares de um exercício político consciente de identificação, estreitamento de laços, planejamentos políticos locais (como controlar a esposa, como comer determinada mulher, etc).

A fraternidade masculina não é um sentimento. Homens se exploram e matam mutuamente, sendo a exploração econômica de povos inteiros (incluindo seus homens) uma característica presente em sistemas patriarcais desde a Grécia antiga. A fraternidade masculina (broderagem) é a cooperação política pontual, porém infalível, na manutenção da exploração do corpo e força de trabalho femininos. A fraternidade masculina é a noção de que a união entre machos sempre tem como finalidade política dominar mulheres.

 
Princípios práticos:
1) A exploração da mulher é baseada em uma cultura de silêncio. Nossas denúncias, nossas dores, têm sido ignoradas e desacreditadas, seja pela sociedade, seja por órgãos de justiça que deveriam nos defender. Assim sendo, o Coletivo Feminista Comigo Ninguém Pode se compromete a ouvir toda denúncia contra o machismo e oferecer às mulheres os meios necessários para se defender.
2) O feminismo enquanto prática política nasce das necessidades das mulheres. Sendo assim, a produção teórica também precisa vir dessa necessidade. É comparando as experiências das mulheres, descobrindo semelhanças e diferenças, que nos comprometemos a construir nossa visão de mundo e nossas táticas e estratégias de combate.
3) As mulheres são um grupo heterogêneo, presente em todas as partes do planeta. Entendemos que todas as desigualdades são agravadas pela misoginia. Assim, a crítica e a luta contra a lesbofobia, o racismo e o capitalismo devem fazer parte de qualquer prática feminista.
4) O estupro é a arma de guerra que os homens usam contra as mulheres. Não é exclusivo de um grupo específico de homens mas, pelo contrário, é uma tática generalizada. Sob a ameaça de estupro os homens nos mantém aterrorizadas. Sob o medo de estupro, acreditamos que seremos poupadas se nos comportarmos como "boas mulheres". A luta contra a violência sexual deve ser prioridade de toda luta feminista. 
5) A exploração reprodutiva das mulheres ainda é uma grande prisão. Nossos órgãos reprodutores pertencem ao Estado e aos homens. Somos recursos reprodutivos! Compreendemos que a luta pela descriminalização do aborto é um passo decisivo para a libertação das mulheres. Aborto legal, seguro e gratuito!
6) A prostituição é muito antiga e estimada pelo patriarcado. Mantendo um exército de mulheres que "não são de ninguém", os homens pretendem impedir o adultério - quando um homem se relaciona sexualmente com a mulher de outro homem. A prostituição não surge da demanda feminina nem atende ao desejo da mulher. Abolir a prostituição já!
7) Pornografia é a destruição orquestrada dos corpos e almas femininos; estupro, espancamento, incesto e prostituição a animam; desumanização e sadismo caracterizam-na; é uma guerra contra as mulheres, ataques sistemáticos à dignidade, identidade, e à condição humana; é tirania. Pelo fim da indústria pornográfica!

8) O abuso sexual infantil, pedofilia, tem também sido um grande pilar do patriarcado. Embora acometa muitos meninos, ela tem um significado especial para as mulheres, já tendo feito parte do casamento infantil e integrado hoje um dos maiores ramos da indústria pornográfica. A aliciação sexual de meninas serve ao patriarcado pois nos ensina desde cedo a nos vermos como objetos a serviço dos homens. Meninas são procuradas como presas sexuais por sua falta de conhecimento do mundo, e mulheres adultas são infantilizadas pelos rituais de beleza para continuar aparentando ignorância, medo e vulnerabilidade. Pedofilia não é doença: ela é um dos pilares indispensáveis do patriarcado.

Princípios metodológicos:
Enquanto feministas radicais, acreditamos que este é um projeto político coeso em si mesmo e revolucionário. Nosso método é o avanço da consciência das mulheres e a luta direta contra o patriarcado, em prol da emancipação de todas. Para que isso aconteça:
1) A Coletiva Comigo Ninguém Pode se reúne semanalmente promovendo discussões teóricas e deliberações.
1.1. As reuniões possuem caráter sigiloso e exclusivo para membras.
2) As militantes se comprometem a cotizar-se com a contribuição mensal de seu alcance e preferência.
3) Em virtude de nossa autonomia política, a Coletiva Comigo Ninguém Pode se financia pelas contribuições mensais e campanhas financeiras. Não aceitamos dinheiro do Estado racista, capitalista e patriarcal!
4) A emancipação feminina é inconciliável com os interesses dos homens. Portanto, as militantes da Coletiva Comigo Ninguém Pode não poderão estar organizadas politicamente em grupos mistos e/ou financiados e mantidos por organizações mistas.

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